16/07
Superação é uma palavra que marca os primeiros meses de vida de Ana Luiza, filha de Katiana Campos. Ela nasceu pesando apenas 560 gramas, quando a mãe estava na 26ª semana de gestação. Este foi o caso de menor peso já tratado pelo CTI infantil da Santa Casa de Juiz de Fora.
De acordo com a pediatra e coordenadora do CTI infantil, Denise Rangel, a internação de recém-nascidos prematuros e de baixo peso é difícil, pois os órgãos do bebê ainda são imaturos. “O cuidado é muito delicado, fazemos de tudo para gerar o mínimo de estresse: colocamos pano sobre a incubadora para ficar escuro, posicionamos o bebê, tudo para deixá-lo o mais próximo do ambiente uterino.”
Para a mãe, não foi fácil saber que a própria vida e a da filha estavam em risco. “As expectativas dela sobreviver eram mínimas, os pulmões não estavam bem formados, mas não dava para esperar mais. Quando a Ana Luiza nasceu chorei muito junto com minha irmã e meu marido, que me acompanharam. Foi uma emoção muito grande, um sentimento inexplicável que só quem dá a luz sabe como é”, conta Katiana.
O tempo no CTI
Entretanto, Katiana demorou a ver a filha na terapia intensiva. “A gente só imagina coisas ruins quando pensa em CTI, mas vi que não é assim.” O enfermeiro da Unidade, Romildo Bahia, fala que muitos pais realmente têm medo, por isso, o acolhimento é fundamental. “Procuramos explicar o quadro da maneira mais esclarecedora possível, para que, apesar da gravidade, eles se sintam seguros”. Para isso, o trabalho da equipe multidisciplinar, incluindo psicólogos, é muito importante.
Foram, ao todo, seis meses de internação. Doutora Denise explica que para o tratamento, Ana Luiza precisou estar com acesso, sonda, fazer uso de droga vasoativa, que atua na pressão, e nutrição parenteral precoce, a fim de evitar a perda de peso e melhorar a resposta contra infecção. Ainda assim, a alimentação através do leite materno é fundamental, pois “é como vacina para o bebê”. Segundo ela, “cada dia na UTI é uma vitória”.
Para a mãe, o apoio da equipe, a força e a esperança que eles deram foi essencial na recuperação da filha. “Só tenho a agradecer aos médicos, à enfermagem e até mesmo as meninas da limpeza. Naquele momento, cada palavra, cada sorriso nos dava esperança.” O caso de Ana Luiza inspirou Romildo, que começou uma pós-graduação em na área de terapia intensiva neonatal.
Outros casos
Apesar de este ter sido o caso de menor peso tratado na unidade, crianças nascidas com 580 e 700 gramas também foram cuidadas pela equipe no mesmo período, que fez um curso sobre urgência e emergência neonatal e pediátrica no hospital Albert Einsten. Nos três casos, os bebês tiveram alta sem nenhum tipo de sequelas.
A enfermeira coordenadora do setor, Carolina Rocha, diz emocionada, “estas três crianças são grandes vitórias para nós!”